O Software Livre venceu!

Outro dia, conversando com um amigo, me dei conta de que, hoje, com a abertura do código-fonte do C# e do Swift, todas as principais linguagens de programação são open source, algo impensável há poucos anos. Os dois principais bastiões do software proprietário, Apple e Microsoft, viram-se forçadas a se renderem às pressões dos novos tempos.

Recentemente, o mundo da TI foi abalado pela revelação de que o Windows será capaz de rodar o Bash, o interpretador de shell padrão das principais distribuições Linux e, consequentemente, outros binários em linha de comando que rodam sobre ele.

Muitos temem que esta seja uma reedição da estratégia "embrace, extend, extinguish" que a Microsoft tentou utilizar para dominar a web com a guerra dos browsers, no final dos anos 90. Naqueles tempos a Microsoft era praticamente hegemônica e sua principal rival histórica, a Apple, amargava prejuízos crescentes. Por outro lado, o Google, atual antagonista, só seria criado em 1998 e levaria, pelo menos, mais uma década para que começasse a incomodar a gigante de Redmond.

Contudo, o cenário hoje é bem diferente e a Microsoft tem atualmente apenas uma sombra do monopólio que já pertenceu a ela no passado. Abraçar o software livre mostrou-se um movimento estratégico: abrir-se ao ecossistema open source representa uma perda menor do que não se abrir.

A Apple realizou movimento semelhante em 2001, quando abandonou o Mac OS Classic em prol do Mac OS X, adotando o kernel do OpenBSD e tornando-se um sistema operacional Unix-like. Consequentemente, passou a oferecer uma maior interoperabilidade com as ferramentas Unix e colheu os frutos dessa estratégia, sem deixar de ser a empresa proprietária que sempre foi.

A Microsoft segue estratégia semelhante: abre-se ao ecossistema Unix e espera colher os frutos dessa abertura; ou seja: uma maior interoperabilidade e consequentemente, menos motivos para migrar de plataforma, preservando seu ecossistema, atualmente em declínio.

Em resumo, trata-se de um novo momento: o software livre deixou de ser contracultural e passou a ser mainstream. Dentro dessa perspectiva, é preciso mudar a abordagem e reforçar as qualidades intrínsecas a esse modelo: liberdade que se traduz em maior autonomia tecnológica, independência de fornecedor, maior segurança, possibilidade de customização e um conhecimento aprofundado acerca da tecnologia utilizada.

Texto publicado originalmente na revista Locaweb #58